25 anos just doin' it


É meio mórbido e bizarro pensar nisso, mas se a Nike tem que agradecer a alguém por grande parte do que é hoje, que agradeça a Gary Gilmore, serial killer executado em 1977 nos Estados Unidos. Mas, antes de entender o porquê disso, temos que conhecer um pouco da marca. 

Na década de 1960, dois sócios, Phil Knight e Bill Bowerman, eram donos da distribuidora de calçados importados BRS (Blue Ribbon Sports). Com o sucesso da empresa, Bowerman, treinador de atletismo universitário, sentiu a necessidade de aprimorar os solados dos tênis para melhores performances dos atletas e, para isso, despejou borracha na chapa de waffles de sua esposa, criando um solado leve e ondulado, perfeito (naquela época) para fins esportivos. A partir disso, Knight e Bowerman sentiram a necessidade de produzir seus próprios tênis, uma vez que ambos tinham conhecimento sobre o ramo, incorporando, dessa forma, tecnologia ao esporte de um jeito inovador. Mas, para isso, esses novos tênis precisavam de uma nova marca. 

 Em 1971, uma jovem estudante de design gráfico chamada Carolyn Davidson criou e vendeu, por 35 dólares, o Swoosh, o famoso símbolo gráfico da empresa. O nome da marca veio logo depois, quando Jeff Johnson sonhou com Nice (ou, em grego, Niké), uma deusa grega que personifica a vitória, representada por uma mulher alada que, segundo os gregos, podia correr e voar em grandes velocidades. Já que o intuito dos sócios era fabricar produtos voltados ao esporte, o sonho de Johnson caiu como uma luva e foi assim que, com apenas 35 dólares, a Nike nasceu. 

A relação da Nike com as campanhas publicitárias se resume em, basicamente, dois momentos: na década de 1970, quando o slogan da marca era “There is no finish line” (“Não há linha de chegada”, na tradução literal) e a fase mais importante e que vou falar aqui, quando a Wieden & Kennedy foi fundada em Portland na década de 1980 e passou a gerir a conta da Nike, que se tornou sua cliente mais fiel e famosa. 

No final da década de 80, a Nike queria deixar de ser apenas uma concorrente para as outras marcas e se consolidar, de uma vez, como a líder no ramo esportivo. Nesse sentido, em 1988, Dan Wieden (co-fundador da W+K) se inspirou nas últimas palavras de Gary Gilmore, serial killer norte-americano, antes de ser executado: “Let’s do it!”. Para Wieden, essas últimas palavras de Gilmore são sensacionais uma vez que traduzem um sentimento de coragem mesmo em situações tão amedrontadoras, como ficar de frente com sua própria morte. A partir disso que a campanha “Just do it” surgiu e mudou radicalmente o posicionamento da Nike perante o público, consolidando a marca como líder no mercado trazendo até hoje, 25 anos depois, resultados incríveis para a marca. 


O slogan de conotação encorajadora e de apelo emocional “Just do it” (ou na tradução livre, “Apenas faça”) criou um estilo de vida Nike, com base na autoconfiança e na capacidade de vencer desafios, conceito sempre presente nas campanhas da marca, incentivando, assim, desde o gordinho sedentário até o atleta profissional a praticar exercícios físicos. Nesse sentido, a Nike grita a todos que quiserem ouvir: você pode, todos podem, movimente-se, empenhe-se, é simples.






Então, para comemorar os 25 anos de “Just do it”, a Nike e sua parceira W+K celebram todo esse sucesso (o faturamento da marca saltou de 877 milhões de dólares em 1988 para 24 bilhões em 2012) com uma nova campanha intitulada “Possibilidades”, que passa, basicamente, a mesma mensagem: teste seus limites e vá sempre além, desafiando, sem medo, os maiores obstáculos que aparecerem. Enfim, o que a Nike realmente deve estar querendo dizer é: just do it.


0 comentários:

 
CRIA Plano © 2010 | Designed by Chica Blogger | Back to top