Simonal.doc

Wilson Simonal foi, ao lado de Roberto Carlos, um dos cantores de maior sucesso da década de 60. Mas, se a maioria das pessoas não o conhece, o que aconteceu? No inicio da década de 70, Simonal foi acusado de torturar seu antigo contador, devido a suspeitas do mesmo de desfalque financeiro. Apesar de ser uma denúncia séria, o que realmente abalou a carreira do cantor foi o boato de que ele seria dedo-duro do regime militar, pois os praticantes da suposta tortura faziam parte do DOPS (departamento de Ordem Política e Social). Acusado pela esquerda, representada pelo jornal O Pasquim, era de se esperar que a direita representada pela ditadura o defendesse, o que não foi o caso, provando ser falsa a alegação de delator, acusação essa que nem mesmo é considerada crime. A partir desse escândalo, nunca mais teve chances de cantar. Qualquer músico que subisse ao palco com ele não poderia mais tocar em outras ocasiões, e diante desse contexto, Wilson Simonal foi apagado da musica brasileira. Seguiu marginalizado da sociedade mesmo após do regime militar, e, sofrendo de depressão e alcoolismo, seguiu sua vida até o ano 2000, quando morreu por complicações decorrentes do álcool. Essa é uma versão bem reduzida da história desse cantor que encantou as massas e merece muito mais do que a fama de dedo-duro atribuída a ele, e é exatamente esse ponto que eu quero analisar. Como que um boato pode derrubar um dos cantores mais populares do Brasil? Wilson Simonal era considerado pelas pessoas mais próximas como apolítico, mas o fato de não alinhar a nenhuma das duas ideologias da época fez com que, no momento em que viveu uma grave crise de imagem, todos o abandonassem, tornando-se inviável sua aparição de forma imparcial e necessária na mídia para se defender. O posicionamento de não alinhamento do cantor acabou o afastando de ambos os lados, e isso foi determinante para que sua imagem ruísse completamente. Outro fato interessante de se notar foi a escolha da mídia em ceder espaço com mais destaque às denúncias, colocando o lado musical em segundo plano, como observado recentemente com o “rei” do pop Michael Jackson. Após sua morte, o talento indiscutível do cantor veio novamente a tona, e é esse o caminho trilhado por Simonal, que após sua morte foi absolvido das acusações de informante e é tema de um documentário lançado esse ano, “Ninguém Sabe o Duro que Dei”, que promete recolocá-lo na história da música brasileira.

Curiosidades:

· Michael Jackson morreu no mesmo dia que Wilson Simonal;

· O produtor musical Quincy Jones (responsável pela produção do CD mais vendido de todos os tempos, Thriller, de Michael Jackson), veio para o Brasil e só não gravou com ele porque a gravadora de Simonal não quis, o que o foi um dos motivos para que trocasse de gravadora.

Para saber mais:

http://pedroalexandresanches.blogspot.com/2009/06/simonal-e-ditabranca.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wilson_Simonal

http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/wilson-simonal-um-assassinato-artistico/

http://www.simonal.com/



1 comentários:

Gustavo Almeida disse...

Ótimo texto Rolf. Muito interessante ver o quanto a imagem de uma pessoa pode ser prejudicada por denúnicas. Muito boa a associação com a Crise de Imagem. E fiquei impressionado pela coincidência com o Michael Jackson.
Parabéns

 
CRIA Plano © 2010 | Designed by Chica Blogger | Back to top