Padrão de beleza: você

Sabe aqueles comerciais de marcas de produtos de beleza em que aparece aquela modelo famosa com o cabelo extremamente liso, comprido e muito, muito brilhante? Sim, isso com certeza faz parte daqueles clichês de propaganda com os que entramos em contato todo dia, principalmente ao ver televisão.

Eu sempre me perguntei como eles faziam para aqueles cabelos ficarem tão brilhantes assim, e sempre achei tão óbvio que o meu nunca ficaria, mesmo que eu tivesse que passar um milhão de produtos diferentes, então pensava: por que ainda insistem nisso? Além disso, em algumas propagandas notava até que a fala parecia meio estranha, não dava para decifrar se era dublagem ou o som original mesmo, pois aqui no Brasil temos aquela coisa de achar que brasileiro só compra a ideia se ela for americana ou europeizada, ou seja, se ela for importada.
Uma das tentativas brasileiras de produzir esse tipo de comercial que mais me chamou a atenção foi a propaganda estrelada pela atriz global Isis Valverde, para a Seda, na qual sua atuação em uma cena de “desespero”, dizendo “Não, Mauro!” ganhou o foco pelos usuários da internet e se transformou em um viral.

Porém, um dia algum publicitário inovador (ou publicitários inovadores) resolveu ir contra essa “ditadura do cabelo brilhante e esvoaçante” e alavancou o que iria se tornar uma campanha irreverente para a marca de produtos de beleza Dove. A primeira parte, que foi muito notável, foi o Real Beauty Photoshop Action, em que as mulheres baixavam um Action (conjunto de efeitos) para colocar em suas fotos pelo Photoshop que prometia deixar a foto mais bonita, mas na verdade ele revertia a foto para como estava originalmente. Percebe-se uma certa crítica presente nas edições de fotos que praticamente revolucionam o corpo da mulher na edição, fazendo com que seu corpo siga o padrão imposto nos dias de hoje e a mulher passe a ficar mais “bonita” visualmente.




Já a parte em que a Dove realmente quis tocar as mulheres ocorreu com o lançamento do vídeo Dove Retratos da Real Beleza. Nele havia duas etapas: primeiramente, um desenhista conversava com uma mulher, mas sem vê-la, e pedia que ela falasse suas características, para que pudesse retratá-la. Depois, o desenhista conversava com outra mulher que conheceu a primeira, e ela falava das características dela. Após os dois retratos estarem prontos, eles eram comparados e mostrados para a “musa inspiradora” deles. Ficava claro que a mulher, ao se auto-descrever se achava mais feia do que quando outra pessoa a descrevia, mostrando uma valorização baixa de si mesma.


Por fim, o vídeo mais recente é o Dove Câmera Tímida, vídeo no qual mostra que as mulheres sempre ficam com vergonha e escondem seus rostos quando alguém tenta gravá-las de surpresa, talvez por acharem que não estão tão apresentáveis assim. Mas, no final, o que me comoveu foi o texto inserido no vídeo perguntando “Quando você parou de se achar bonita?” e, a seguir, mostra diversos vídeos de meninas crianças dançando e se exibindo, sem ser tímida, para as câmeras. Se a Dove queria me tocar e me fazer refletir, ela conseguiu!


Mas uma coisa curiosa é que eu não tenho notado esses comerciais passando na televisão, talvez seja porque é na internet em que as pessoas podem se engajar e interagir dessa forma e prestariam mais atenção em um vídeo tocante, ele tendo, então, seu objetivo atingido. Agora só espero poder ver cada vez menos cabelos hiper brilhantes e mais novos padrões de beleza sendo instituidos: instituidos por você e para você. 

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