Publicidade e Copa do Mundo - 4

A bola da discórdia


A Copa do Mundo deixou, há muito tempo, de ser um  simples evento esportivo para ser um evento comercial, aliás uma guerra comercial. A Copa do Mundo FIFA é, sem dúvida, o maior evento do globo e faz circular bilhões de dólares em patrocínios, publicidade, contratos, transmissões...
E cada espacinho publicitário na copa é tão ou mais disputado que a bola em campo. Aliás toda a copa é feita sob a lógica publicitária. Exigência de treinos abertos à imprensa, banners de patrocinadores em todas as entrevistas, fornecedores de material esportivo das equipes e da FIFA, álbum de figurinhas,placas de publicidade, personalização de bolas, camisas, enfim tudo feito sob medida para cada um dos jogos. A copa é uma grande vitrine publicitária.

Tamanha disputa por espaços nem sempre, aliás, quase nunca é amistosa. O último episódio que podemos especular é sobre o que é o cerne do torneio: a bola.

A Jabulani da Adidas,  tem causado muita polêmica.Muito leve, muito isso, muito aquilo... É fato que as bolas têm, ano após ano, ficado mais modernas, fabricadas com muitao mais tecnologia, testadas e retestadas nos mais complexos laboratórios. O que mais me intriga nessa polêmica não é o fato de a bola da Copa (ou seja, a bola mais ilustre dos últimos quatro anos) ser boa ou ruim. É o fato de duas coincidências muito, vamos dizer, coincidentes... Com o perdão do pleonasmo.

Não sei se vocês notaram todos - equipes e jogadores - que reclamaram da Jabulani são patrocinados pela Nike e todos que as defenderam eram patrocinados pela Adidas. A guerra pelas duas gigantes esportivas que juntas patrocinam 22 equipes da copa (incluindo a Inglaterra, já que a Umbro foi comprada pela Nike), é antiga. 

Ambas patrocinam os maiores clubes e atletas do mundo e muitas vezes, quando clube e atleta, ou seleção e atleta não representam a mesma marca, alguns pequenos entreveros acontecem. Na propaganda do Guaraná Antártica com o pesadelo do Maradona, por exemplo, a camisa da seleção brasileira usada pelo Kaká não é da Nike, já que o jogador brasileiro é patrocinado pela Adidas


(Cá entre nós, mudando de assunto rapidinho, muito foda relembrar esse comercial né? Sensacional). Nesse mesmo comercial, o Maradona usa uma camisa da Argentina sem marca, porque os hermanos são patrocinados pela Adidas.

A marca alemã tem sido, há um bom tempo, a fornecedora oficial das bolas da Copa do Mundo FIFA, e tem apresentado, a cada quatro anos, bolas com designs e tecnologias diferentes. A bola da copa de 2002, a Fevernova (que eu inclusive tive), tinha um design inovador que era para dar impressão, em alta velocidade, que a bola deixava um rastro como de fogo. 
A de 2006, foi projetada para ser mais leve e facilitar o chute e tinha menos gomos que as anteriores.
E em todas as copas aparece alguém para reclamar. Dessa vez, porém, a repercurssão foi bem maior. Tudo começou quando Júlio César, goleiro da seleção brasileira e atleta patrocinado pela Nike falou que a Jabulani parecia bola de supermercado


Depois dele outros jogadores da seleção brasileira, como o Luis Fabiano, (também atleta da Nike) declararam que a bola é muito ruim. A equipe brasileira falou tanto, que os organizadores da copa começaram a dizer que era uma possível desculpa para uma eliminação brasileira e ainda disseram: "se o Brasil ganhar, ninguém vai falar que a bola é ruim". 

Foi a vez, depois, da seleção holandesa, também patrocinada pela Nike reclamar da bola da Adidas. Vários outros jogadores patrocinados pela marca americana comentaram sobre a bola. Foi a vez, então, dos jogadores patrocinados pela Adidas se pronunciarem. O único da seleção brasileira, o Kaká, amenizou a situação em uma entrevista em que foi bastante político sem desagradar seu patrocinador pessoal nem o patrocinador da seleção brasileira

Até porque, ele Kaká, foi um dos jogadores da Adidas que participaram dos testes para a confecção da bola. Além dele, o alemão Ballack, o espanhol Xabi Alonso e o inglês Steve Gerrard, todos patrocinados pela Adidas, sairam em defesa da bola.

Em uma outra entrevista coletiva da seleção brasileira, estimulado pelo CQC, Kaká foi ainda mais longe e beijou a bola da Adidas em frente ao banner da seleção brasileira, patrocinada pela Nike. POLÊMICA. O CQC, que cá entre nós não tem nem porte para isso, foi acusado de querer gerar controvérsia e desentendimento entre os patrocinadores. Nessa guerra bizarra, os atletas e seleções da Puma, terceiro maior fornecedor de material esportivo para copa, com 7 seleções, não se pronunciou.

Evidentemente, não podemos afirmar que os jogadores da Nike fizeram isso de propósito ou que foi só uma mera coincidência. Eu só não ousaria afirmar se fosse comentarista esportivo nada sobre a qualidade da bola...
 

 

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