Ricardo Noblat afirma: "A blogosfera é plural"

Comentário Inicial: Deve ser o meu maior post no Blog, mas vale a pena, pois o bate papo com Ricardo Noblat sobre o "poder dos blogs" é muito interessante!!!

"

“A blogosfera é plural. É mais plural do que a mídia tradicional. E assim deve ser. Há lugar nela para todas as correntes de opinião”. No dia em que o Blog do Noblat completa três anos, Ricardo Noblat, colunista de O Globo, conversou com usuários do Comunique-se sobre blogs, cobertura política etc.

“Sou dono de um pequeno (mas barulhento) veículo de comunicação. Tenho mais liberdade do que o dono de um jornal porque não dependo de publicidade. Nada tenho contra publicidade - desde que ela não interfira na linha editorial do veículo”, disse durante a entrevista.

Confira a transcrição do bate-papo com Ricardo Noblat:

[15:03:38] - Silma Maria Borges Terra (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Bom dia, Sr Ricardo, sou estudante de jornalismo na Unisinos (RS), tenho 45 anos. Acho que nunca é tarde para começar. Já escrevo há algum tempo, para jornais aqui de minha cidade, Osório, e gostaria de lhe perguntar o seguinte: Jornalismo é um dom ou se aprende nos bancos acadêmicos, como qualquer outra profissão?

Ricardo Noblat responde: Silma: você tem de gostar de ler, de ler muito. E se sentir desafiada a escrever. Se reunir essas duas características, digamos assim, você poderá se tornar um bom jornalista. E aí terá de ralar muito. É mais ralação do que inspiração.

[15:05:55] - Eduardo Paes (Âncora / Apresentador TV / Apresentador Rádio - Mídia Promoções) pergunta para Ricardo Noblat: Caro Noblat! Como vai? De início, gostaria de saber como e quando você identificou a viabilidade da construção de um noticiário e da possibilidade de trabalhar as informações por meio da ferramenta blog. Qual a avaliação que você faz destes 3 anos de trabalho?

Ricardo Noblat responde: Hoje, exatamente hoje, faz três anos que o blog foi ao ar. E no ar continua. Jamais entrara em um blog antes. Ouvia falar que era página de adolescente na internet. Mas comecei a escrever uma página dominical sobre política no jornal carioca O Dia. E conferi que perdia muitas notícias apuradas no início da semana. Elas envelheciam antes do domingo. Dois amigos me sugeriram fazer um blog: André Falcão, de O Dia Online, e Cíntia Garda, com quem trabalhara no Correio Braziliense. André desenhou e eu comecei.

[15:07:48] - Otávio Barros da Silva (Assistente - Produção - O Estado do Tocantins - TO) pergunta para Ricardo Noblat: É público e notório que os 'coronéis' da mídia (TV Globo, O Globo, Estadão, Folha) tucanizaram o pensamento único em prejuízo da massa ignara. Na contagem de pontos, gostaria de sua posição frente aos blogs do Mino Carta, Paulo Henrique Amorim, Franklin Martins e Luís Nassif.

Ricardo Noblat responde: A blogosfera é plural. É mais plural do que a mídia tradicional. E assim deve ser. Há lugar nela para todas as correntes de opinião. Os blogs citados são de jornalistas respeitados, críveis e que escrevem muito bem. Pode-se concordar com eles ou não - mas não se pode ignorá-los. Não se deve.

[15:08:50] - Alessandra Matarazzo (Freelancer) pergunta para Ricardo Noblat: Oi, Noblat. Li hoje que estréia seu Podcast. Pode falar mais a respeito?

Ricardo Noblat responde: Pois é. Comecei a gravar comentários, eles serão semanais (um ou dois), e vamos ver se dará certo. Sou mais de escrever do que de falar. Meu sotaque é carregado - ou penso que é.

[15:10:59] - Alessandra Matarazzo (Freelancer) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, como é o seu processo de trabalho? Pra quais fontes você liga, quais jornais você lê?

Ricardo Noblat responde: Leio todos os jornais que posso ler na internet, Alessandra - inclusive os regionais. Entro pela madrugada fazendo um clipping. Vou dormir ali pelas 4 ou 5h. Acordo por volta das 11h - salvo quando o mundo desaba mais cedo. E fico ao telefone e diante do computador apurando e escrevendo notícias. Quando vale a pena, vou ao Congresso, Palácio do Planalto ou qualquer outro lugar. Sempre janto com políticos.

[15:12:03] - Cleonardo Dias Aureliano (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Caro Noblat, o que você acha dos mais diversos cursos de comunicação espalhados pelo Brasil? A técnica vence o talento no jornalismo?

Ricardo Noblat responde: Técnico e talento são inseparáveis. Acho os cursos defasados, antigos. Estão sempre a reboque da mídia tradicional. Deveriam estar adiante.

[15:13:25] - Marco Antonio Ribeiro (Outros - Freelancers) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, você acha que algum dia distribuir conteúdo na internet será viável comercialmente?

Ricardo Noblat responde: Claro que será, Marco Antonio. Em países mais desenvolvidos já é. A publicidade está migrando para a internet em toda parte. Nos Estados Unidos, a fatia da internet no bolo publicitário deverá suplantar a das revistas até 2008. Aqui, a migração ainda vai devagar.

[15:13:53] - Diogo Recena (Empresário de comunicação) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, quanto, aproximadamente, o blog rende de dinheiro para você?

Ricardo Noblat responde: Não digo, Diogo. Mas dá para viver com dignidade.

[15:15:16] - Eduardo Paes (Âncora / Apresentador TV / Apresentador Rádio - Mídia Promoções) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, qual a sua avaliação final das eleições presidenciais do ano passado? O que mudou, o que deu certo e o que de fato não deu para ambos os candidatos, fora o resultado do pleito?

Ricardo Noblat responde: Que pergunta! E com esse pouquinho de espaço para responder? Deu certo para Lula que ganhou a eleição com folga. Alckmin foi um desastre como candidato, com pouco ou sem apelo algum. Conseguiu o milagre de ter menos votos no segundo turno do que no primeiro.

[15:16:47] - Diogo Recena (Empresário de comunicação) pergunta para Ricardo Noblat: Olá, mestre Noblat. Você se considera como o dono de um grande veículo de comunicação? Quais seriam suas diferenças em relação ao dono de um jornal?

Ricardo Noblat responde: Sou dono de um pequeno (mas barulhento) veículo de comunicação. Tenho mais liberdade do que o dono de um jornal porque não dependo de publicidade. Nada tenho contra publicidade - desde que ela não interfira na linha editorial do veículo.

[15:17:37] - Cleonardo Dias Aureliano (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Na onda da globalização, os meios de comunicação, na sua opinião, vêm sofrendo um enquadramento único, ou seja, uma corrente de valores e opiniões iguais?

Ricardo Noblat responde: Penso o contrário, Cleonardo. Quer dizer: quando se trata de internet. De blogs. Quanto à mídia tradicional, acho que você está certo.

[15:19:17] - Richard Jakubaszko (Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo - DBO Agrotecnologia - SP) pergunta para Ricardo Noblat: Olá, Noblat. Os blogs mais lidos e respeitados, como o seu, são de jornalistas. Atribui-se isso à interatividade da Internet. Você concorda? Ou é pela instantaneidade da notícia? O debate, via internet, é mais fácil do que os da TV e dos jornais? Ou falta cultura de debate entre os brasileiros? Pode considerar como duas perguntas.

Ricardo Noblat responde: A interatividade faz a diferença, Richard - mas não só. A instantaneidade também. O brasileiro é um dos povos que mais gosta de debater. Entre nos blogs americanos ou europeus. Eles não têm a quantidade de comentários dos nossos. Nesse caso, estamos bem na foto.

[15:23:38] - André Canevalle Rezende (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Como driblar hoje as assessorias de imprensa, que sempre estão no meio do caminho quando queremos entrevistar uma personalidade (artista, político, intelectual)?

Ricardo Noblat responde: Tentando driblá-las, André. Sei que não é fácil. Elas funcionam como escudos para seus clientes. Acho que deveríamos fazer jornalismo mais de rua do que de gabinetes. Mas nossos chefes nas redações também têm que pensar assim, do contrário não adianta. O pauteiro deveria ser extinto nas redações. Ou deveria perder grande parte do seu poder. O mundo está cheio de histórias interessantes que os jornalistas não contam porque estão ocupados correndo atrás de declarações.

[15:24:42] - Diogo Recena (Empresário de comunicação) pergunta para Ricardo Noblat: Você começa o dia com notícias de outros veículos e depois com notícias exclusivas. Algum motivo específico para isso?

Ricardo Noblat responde: É difícil ter notícias exclusivas durante a madrugada, Diego. Daí o clipping que faço para que os clientes do blog tenham o que ler de manhã cedo.

[15:25:28] - Marco Antonio Ribeiro (Outros - Freelancers) pergunta para Ricardo Noblat: Muito obrigado pela opinião e o incentivo. Tenho um podcast na internet e ainda não sei como explorá-lo comercialmente. É aquele velho defeito que a maioria dos jornalistas tem de não saber vender o seu produto.

Ricardo Noblat responde: Jornalista não sabe fazer negócios. Quando aprende, quase sempre deixa de ser jornalista.

[15:27:48] - Fernanda Rodrigues da Cruz (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Na academia costumamos ler sempre seus livros você considera os jornalistas jovem realmente despreparados para o mercado?

Ricardo Noblat responde: Todo jornalista jovem (e já fui um deles) é despreparado para enfrentar o mercado. Porque é jovem. E porque o mercado está difícil. Isso não quer dizer que o jornalista jovem não possa ser talentoso. É diferente, Fernanda. Uma vez, um grupo de jovens jornalistas pediu um conselho ao escritor Nelson Rodrigues. Ele deu: "Envelheçam". O problema é que quando você envelhece e acumula muita experiência, é dispensado das redações porque se torna caro.

[15:29:34] - Eduardo Paes (Âncora / Apresentador TV / Apresentador Rádio - Mídia Promoções) pergunta para Ricardo Noblat: Obrigado, Noblat, pelo desprendimento na última resposta. Gostaria de apenas mais um questionamento. Há, de fato, um grande movimento por parte do mercado midiático para as possibilidades de convergência e o acesso a este admirável mundo novo e tecnológico. Mas, em contrapartida, a Associação Mundial de Jornais divulgou recentemente pesquisa que mostra a indústria da mídia impressa saudável. Existe um paradoxo nesta questão?

Ricardo Noblat responde: Claro que a indústria da mídia impressa não está saudável. Basta ver o que ocorre em toda parte. Há mais títulos de jornais e talvez uma soma maior de tiragem devido ao aparecimento dos jornais gratuitos. Ninguém quer pagar mais por informação desde a invenção da internet comercial.

[15:29:59] - Diogo Recena (Empresário de comunicação) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, vejo poucos links para outros blogs em seu blog. Alguma razão específica?

Ricardo Noblat responde: Tem um bocado de links por lá, Diogo. Mas vou pôr mais.

[15:30:29] - Cleonardo Dias Aureliano (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Certo dia assisti na TV Cultura um documentário sobre blogs em que o entrevistado falou que jornalista não lê blog. O que achas dessa afirmação?

Ricardo Noblat responde: Jornalista lê blog cada vez mais, Cleonardo. E se pauta pelos blogs - o que acho ruim.

[15:30:46] - Eduardo Paes (Âncora / Apresentador TV / Apresentador Rádio - Mídia Promoções) pergunta para Ricardo Noblat: E convido, humildemente (rs), para dar uma olhada no meu blog, na ferramenta do Comunique-se: www.eduardopaes.blog-se.com.br, e peço, gentilmente, sua opinião acerca da proposta que apresento. Muito obrigado e parabéns pelo trabalho.

Ricardo Noblat responde: Farei isso, Eduardo.

[15:31:12] - Fernanda Rodrigues da Cruz (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Qual meio de comunicação você considera mais forte nos tempos atuais??

Ricardo Noblat responde: A televisão ainda é mais forte. Mas está perdendo audiência para a internet.

[15:32:21] - André Canevalle Rezende (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, durante as eleições de 2006, nós, da Uniso, montamos um blog para cobertura de Sorocaba. Segundo nossa orientadora, ele faria parte de uma rede de blogs que iria ser montada por sua sugestão. Parece que a rede não foi montada. Teria sido por falta de interesse dos cursos de jornalismo? Você tomou conhecimento de algum blog que teria aderido a sua sugestão?

Ricardo Noblat responde: Um blog do Acre topou. Mas os blogueiros ainda são muito individualistas. Aqui e nos EUA, por exemplo. Um dia aprenderão a trabalhar em rede.

[15:32:53] - Juliana Barros Costa (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Olá, sou Juliana Barros, estudante de Jornalismo e formo agora no final do ano. Gostaria de saber se na redação ainda existem jornalistas que têm compromisso com a ética ou essa idéia de ética é só `lenda`?

Ricardo Noblat responde: Ainda tem, Juliana. E celebremos esse fato.

[15:34:17] - André Canevalle Rezende (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Caro Noblat, possuo um blog aqui no Comunique-se. Gostaria que você desse umas dicas para os estudantes de jornalismo e jovens jornalistas que querem montar seu blog. Como cativar um público leitor sem ser um grande nome na mídia convencional? O que é mais interessante para ele e para o público: um blog com reportagens ou um blog com suas análises, com os bastidores das reportagens?

Ricardo Noblat responde: Cabe tudo em um blog, André. É claro que o jornalista sai em vantagem fazendo um. Mas freqüento muitos blogs que não são feitos por jornalistas. E que são melhores do que os blogs feitos por muitos jornalistas. É preciso que você saiba o que quer dizer. E que seja interessante o que tem a dizer.

[15:35:18] - Cleonardo Dias Aureliano (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Para os jovens jornalistas como deve ser vista a notícia? Como produto de mercado ou como dever de informar o público?

Ricardo Noblat responde: Como dever de informar ao público. Sei que essa resposta parecerá coisa de velho - bem, já tenho 57 anos de idade. Mas não conheço outra melhor. De fato penso assim.

[15:36:22] - Marco Antonio Ribeiro (Outros - Freelancers) pergunta para Ricardo Noblat: Desculpe discordar, mas as assessorias de imprensa estão aí para auxiliar quem trabalha na redação. Pelo menos as que são realmente profissionais. Nunca trabalhei em assessoria, mas vejo que há uma certa má vontade para com os colegas do setor. O problema que tem muito jornalista que não quer tirar a bunda da cadeira e quer fazer tudo pesquisando no Google. E a gente sabe que as coisas não funcionam assim. Tem que usar a internet, sim, tem que fuçar em bibliotecas, tem que abusar das......

Ricardo Noblat responde: Uma assessoria de imprensa pode distribuir notícias contra seu assessorado? Auxilia quem caça notícias que podem comprometer seu assessorado? Ou faz justamente o contrário? Então atrapalha mais do que ajuda.

[15:37:23] - Marco Antonio Ribeiro (Outros - Freelancers) pergunta para Ricardo Noblat: ...assessorias, mas tem que ir `amassar barro na rua`, como dizem lá no Nordeste. Enfim, tem que correr atrás. O resto é desculpa de jornalista `bicho-preguiça`.

Ricardo Noblat responde: Concordo que os jornalistas são ou estão preguiçosos. Não gostam de sair do casulo das redações. E se valem da internet e do telefone para não sair.

[15:38:59] - Diogo Recena (Empresário de comunicação) pergunta para Ricardo Noblat: Você pensa em dar aula em faculdades?

Ricardo Noblat responde: Gostaria. Mas só me chamaram uma vez. Acho que não gostam muito do que penso.

[15:40:29] - Natasha Castro Rodrigues (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Boa tarde, Ricardo! Sou estudante de jornalismo, me formo ano que vem, porém estou com muitas dúvidas em relação a essa carreira, que possui um leque de opções. No entanto acho difícil entrar nesse ramo. Você tem algumas dicas para dar aos iniciantes nessa carreira?

Ricardo Noblat responde: Leia muito, Natasha, muito mesmo. Tope trabalhar mais horas do que determina seu contrato. Ache sempre uma droga o que você fez - e tente fazer melhor da próxima vez. E encha o saco de quem conhece para conseguir entrar no mercado de trabalho.

[15:41:32] - Juliana Barros Costa (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Você acha que a assessoria é Jornalismo? E por que muitos jornalistas têm largado a redação, seria por causa do salário, que, de fato, é melhor?

Ricardo Noblat responde: Não se faz jornalismo em assessoria - não o jornalismo como nos ensinam, aquele que pode falar bem ou mal de uma pessoa ou assunto. Assessoria está mais para relações públicas e publicidade do que jornalismo.

[15:42:30] - Fernanda Rodrigues da Cruz (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Qual conselho você daria para um estudante que, como eu, é apaixonada por impresso mas vê a cada dia esse veículo se extinguindo?

Ricardo Noblat responde: Não perca a fé, Fernanda. Mas aproveite o resto de vida dos jornais - pelo menos dos jornais como são feitos hoje.

[15:43:28] - Tiago Cordeiro Ferreira (Repórter - Comunique-se - RJ) pergunta para Ricardo Noblat: Pode falar mais sobre esse caso da Universidade? Houve algum problema com algo que você disse em sala de aula?

Ricardo Noblat responde: Como respondi antes, só dei aulas uma vez. Faz muito tempo. Mandaram-me embora porque reprovei mais da metade da turma que deveria ter se formado naquele ano.

[15:44:35] - Cleonardo Dias Aureliano (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: A banalização da violência por parte da mídia em suas coberturas traz algum teor de solução para a problemática?

Ricardo Noblat responde: Não traz. Jornalismo de denúncia é importante - mas não só. Jornalismo tem que apresentar soluções, abrir espaço para debates, tentar antecipar fatos, contextualizá-los.

[15:45:32] - André Canevalle Rezende (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, o que o motivou a sair do Estadão e se transferir para o Globo?

Ricardo Noblat responde: Enfrentei alguns problemas tecnológicos no Estadão que não enfrento em O Globo. Ganhei no Globo uma coluna semanal na versão impressa que tive no Estadão apenas durante três meses.

[15:46:56] - Tiago Cordeiro Ferreira (Repórter - Comunique-se - RJ) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, pela sua carreira, você era um jornalista muito mais ligado ao meio impresso do que ao meio virtual. Em algum momento, muito antes da maioria dos profissionais brasileiros, você mudou seu próprio rumo e passou a atuar em um meio onde muitos jornalistas com seu mesmo tempo de estrada ainda temem e querem se distanciar ao máximo. Pode dizer como você adquiriu essa postura e se em algum momento você temeu que o blog não desse certo?

Ricardo Noblat responde: Foi acidental minha entrada no meio virtual. Foi para não perder informações que envelheceriam em poucas horas. Achei que não daria certo. E me espantei quando descobri que estava dando.

[15:47:20] - Fernanda Rodrigues da Cruz (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Como você mesmo diz que lugar de repórter é na rua, eu pergunto o que acha dos que vivem socados dentro da redação??

Ricardo Noblat responde: Acho uns preguiçosos e sem imaginação, Fernanda.

[15:53:39] - André Canevalle Rezende (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, o jornalismo literário foi `banido` dos impressos. Você acredita que o JL, enquanto `grande reportagem`, ainda encontraria público leitor em jornal? Ou os leitores não têm mesmo tempo para ler uma reportagem extensa (ou melhor: não teriam interesse em lê-la)?

Ricardo Noblat responde: Não sei dizer, André. As pessoas levam hoje em dia uma vida muito apressada. Querem tudo rapidinho. Sempre haverá gente disposta a ler textos mais longos, melhor elaborados. O diabo é que é cada vez mais difícil encontrar textos assim fora de livros.

[15:55:31] - Camila De Bona (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, se não existe jornalismo imparcial, devemos sempre lutar por um menos parcial ou tu achas que nossa opinião deveria estar explícita em cada matéria?

Ricardo Noblat responde: Devemos perseguir a versão que nos pareça honestamente a mais crível, a que mais se aproxime do fato em estado bruto, por mais difícil que seja encontrá-la. Não vejo nada demais de que se ofereça uma opinião sobre o fato. Desde que a opinião seja bem fundamentada.

[15:49:22] - Claudia Marapodi (Freelancer - Cláudia Marapodi) pergunta para Ricardo Noblat: Mas como surgiu essa parceria com O Globo, você quem procurou ou foi ao contrário? Pode contar rapidamente como aconteceu? Obrigada e é um prazer falar com você, mesmo que virtualmente.

Ricardo Noblat responde: Como disse antes, Cláudia, O Globo me ofereceu melhores condições para fazer o blog. Fui para lá por isso. E também porque admiro o Globo. Acho que o jornalismo que se faz ali é um dos melhores que temos.

[15:58:17] - Fernanda Rodrigues da Cruz (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Você almeja algo em sua carreira que ainda não tenha conseguido?

Ricardo Noblat responde: Almejo trabalhar menos e curtir mais a vida. Blog é uma servidão. É o único meio que não tem hora de fechamento. Pelo menos o meu não tem. Hoje vou menos a cinema, ouço menos música, convivo menos com a família e os amigos por causa do blog.

[15:59:27] - André Canevalle Rezende (Estudante) pergunta para Ricardo Noblat: Jorge Bastos Moreno disse que o blog é um espaço para análises, por natureza; e que as análises não seriam o caminho para salvar o impresso. Qual sua opinião sobre isso? Qual seria o papel do impresso, se os jornalistas acreditam que ele deveria ser mais utilizado para a análise, para o `mais fundo`?

Ricardo Noblat responde: Blog é espaço para notícia, comentário, opinião, debate. Para tudo. Acho que os jornais impressos deveriam se ocupar mais de explicar as notícias, analisá-las e tentar antecipar o que está por acontecer.

[16:00:36] - Claudia Marapodi (Freelancer - Cláudia Marapodi) pergunta para Ricardo Noblat: Noblat, com toda sua experiência de vida e profissional, você não acha que atualmente o jornalismo tem sido pautado pela “espetacularização” da notícia, ou seja, pelos interesses econômicos? Gostaria que você desse sua visão a esse respeito. Obrigada.

Ricardo Noblat responde: Acho sim, Cláudia. E todos perdemos com isso.

"

Retirado de http://www.comunique-se.com.br/

0 comentários:

 
CRIA Plano © 2010 | Designed by Chica Blogger | Back to top