Filmes nos quais a imagem empresarial é posta em questão

Título: Queridinhos da América
Título Original: America's Sweethearts
Diretor: Joe Roth
Com: Julia Roberts, Billy Crystal, John Cusack, Catherine Zeta Jones
Ano: 2001 Duração: 102
Sinopse:
Produtor desesperado chama Relações Públicas para reconciliar casal de atores em conflito e para organizar evento de lançamento de filme.



Nossa análise do filme:

Se é verdade que o profissional de Relações Públicas precisa melhorar a sua imagem na sociedade – tese que sustento todo santo dia - , o filme Queridinhos da América não ajuda nada nesse sentido. Claro que o filme não pode ser levado a sério. Trata-se de uma comédia, uma chanchada, cuja proposta é satirizar figuras e situações da indústria cinematográfica, sem preocupações de ir muito fundo nas coisas. Mas, pondo propostas e profundidades de lado, o fato é que Queridinhos da América se utiliza de velhos estereótipos negativos relacionados à função e às atividades de Relações Públicas. Nesse sentido, é outro filme que veio mais para confundir do que para explicar.
A história é a seguinte: Gwen Harrison (Catherine Zeta-Jones) e Eddie Thomas (John Cusack) formam um casal nas telas e na vida real. Essa química vinha sendo responsável pelo enorme sucesso de bilheteria dos filmes da dupla até então. O público os adorava. Mas, durante uma filmagem, ela, Gwen, se apaixona por Hector (Hank Azaria), um ator latino que se destaca mais pelos dotes físicos do que pelos intelectuais. Ao ser rejeitado pela mulher, ele, Eddie, entra em depressão. O rompimento do casal coloca em risco o sucesso do filme a ser lançado (Time over Time). Para complicar mais ainda a vida do produtor – que investiu 85 milhões de dólares na produção -, o excêntrico diretor seqüestra as cópias do filme, - que, aliás, ainda não tinha sido visto por ninguém – e exige que a primeira exibição seja feita com a presença da mídia especializada. Diante deste enrosco, Lee Phillips (Billy Crystal), o relações públicas do estúdio, recém demitido pelo produtor, é reconvocado às pressas para organizar o evento.
Junket é o nome dado a um evento através do qual uma organização (governo, partidos políticos, empresas, etc.) comunica o lançamento de um programa ou campanha ou projeto ou produto ao público, principalmente à mídia. A indústria cinematográfica é uma grande usuária desse tipo de promoção. Na televisão brasileira, o evento faz parte do plano de comunicação do lançamento de qualquer programa, sobretudo das novelas. Há junkets para todos os tamanhos e todos os orçamentos. No caso de lançamento de filmes, em Hollywood, os junkets costumam ser de três dias e custam fortunas para os estúdios. Geralmente são realizados em hotéis luxuosos, com muita mordomia para os participantes. Os grandes jornais bancam as despesas de seus jornalistas, mas para a maioria dos convidados a boca é livre. Além, obviamente, da exibição do filme, diretor e artistas são entrevistados por jornalistas de vários órgãos e procedência em sessões coletivas ou individualmente. Rola de tudo nessas entrevistas, de coisas sérias à baixarias. Rola de tudo, também, entre os convidados: fofocas, bebedeiras, paqueras, fornicação, fumo, cheiro. Os organizadores do evento não estimulam nada disto, mas ninguém se mete na vida de ninguém. Afinal, o objetivo do evento é fazer os convidados se sentirem em casa - ou fora dela -, como queiram.
Voltando à vaca fria. Sem o filme na mão e com os dois principais artistas em pé de guerra, Lee, o relações públicas, vai à luta para fazer acontecer o evento. E é nessa luta que o profissional atua sem limites de qualquer natureza, financeiros, éticos, morais: suborna policiais, mente para o cliente, para os jornalistas, cria factóides, arma intrigas. Enfim, o fim justificando todos os meios. Sendo bem sucedido na aplicação desses meios, ganha do patrão, o produtor desesperado, o reconhecimento ao ser chamado de “gênio”.
Quem faz evento dessa natureza – ou até coisa menor - sabe o trabalho que dá. Desde a criação da lista de convidados até o último deles deixar o hotel, são milhares de providências a serem tomadas, de funções a serem criadas, de atividades a serem coordenadas. Levantamentos de preços, contratações de serviços, de profissionais; a logística de vôos, do transporte terrestre, das acomodações; do trabalho de recepção de cada convidado, dos briefings, do material promocional a ser distribuído; da organização da programação oficial (essência do evento em si): auditório, iluminação, som, falas, discursos, controle do tempo, observação do cerimonial, ensaios e mais ensaios noite a dentro; da coordenação das entrevistas; do apoio médico 24 horas, da parte recreativa, da comida, desde a escolha da pièce de résistance até o ininterrupto fluxo de biscoitos e cafezinho. Em paralelo, administra-se egos complicados de celebridades, inseguras, complexas, uns amores diante do público mas grandes malas longe dele. E dentro dos próprios estafes, gerencia-se os conflitos de personalidade, os ciúmes, as invejas, a competição, a briga de poder. Tudo para não deixar a peteca cair.
Pelas circunstâncias e pela dinâmica, é possível que um junket de um filme dê mais trabalho do que a criação do filme propriamente dito.
Nada disto é trazido ao conhecimento do público quando se fala na atividade do comunicador empresarial. O que é sempre explorado são as coisas que levam o leigo a achar que a atividade de comunicação é uma festa do princípio ao fim e que fortalecem os estereótipos negativos da profissão: cascateiro, superficial, dissimulado, armador, por aí.
É bem verdade que a figura do Relações Públicas não é a única caricaturada no filme. Tem pra todo mundo. O produtor é um empresário ridículo. Autoritário, descontrolado, inseguro, mentiroso e – como não podia faltar - só pensa em lucro. O diretor é um maluco, excêntrico e irresponsável. Más línguas viram, no personagem, uma caricatura do Stanley Kubrick. Seria uma citação In Memoriam. A lembrança não deixa de ser uma grossa sacanagem com o saudoso e genial cineasta. Os “queridinhos da América” não passam de dois neuróticos. A mídia é mostrada no filme como absolutamente imbecil. Uma boiada de jornalistas é engabelada com boca-livre em hotéis cinco estrelas e brindes de quinta categoria. O guru indiano, responsável pela terapia do artista deprimido, é um charlatão visível a olho nu. “A vida é um biscoito” – que diz ele numa de suas falas - é uma pérola. Os seguranças do hotel são autênticos borderlines e pequenos corruptos. Vendem-se por bugigangas. E, finalmente, sobra também para os latinos, exibidos como machistas, gente de muito músculo e pouco cérebro. Além do inglês horroroso.

1 comentários:

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