Comunicação e o terceiro setor

Ei gente, tudo jóia?

Essa semana começamos a trabalhar na demanda da ICON, que é um projeto de mobilização social. Então decidi escrever sobre a metodologia de planejamento especial para projetos de mobilização descrita no livro "Comunicação e estratégias de mobilização social", do Márcio Simeone e do Rennan. O livro é muito bom e esclarecedor. Acho que ia ser ótimo se todos lessem porque o terceiro setor cada vez percebe a necessidade de se comunicar e planejar e, por terem geralmente poucos recursos, são um mercado interessante para gente.Além disso, outras demandas também têm demandas de mobilização como o Elsa. Sem contar que é super interessante.

Tentei fazer um resumo mais da parte que trata de mapeamento de públicos...Acho que ficou meio gigante mas é que tinha muita coisa pra falar...espero que gostem!

Introdução

Empresas e organizações do terceiro setor[1] têm muitos aspectos em comum. Ambas precisam de planejamento, de comunicação, de um bom relacionamento com os seus públicos, de uma gestão eficiente etc...Entretanto elas possuem diferenças importantes em sua essência e ideologia. Basicamente, empresas existem para si mesmas, ou seja para seu próprio lucro e desenvolvimento. As organizações do terceiro setor, por sua vez, existem para defender não somente a si mesmas, mas por alguma causa que querem que seja mobilizadora para a sociedade, para provocar, de alguma forma, transformações sociais. Por isso, devem ser tratadas de maneiras diferenciadas.

A principal diferença é que, para uma organização do terceiro setor, não basta que os públicos tenham uma boa imagem ou relacionamento com ela. O objetivo é que eles tenham vínculos com a causa defendida, se mobilizem para isso. Por isso, o mapeamento de públicos em um planejamento de comunicação para esse tipo de organização não deve se basear nos interesses que a organização tem com cada público como é feito no planejamento mais conhecido para empresas, mas sim em qual o grau de envolvimento dos públicos e de mobilização com a causa.


[1] Considera-se aqui organizações de terceiro setor qualquer organização que seja mobilizadora de uma causa social, seja uma ong, projeto público,ligado a uma organização privada, ou comunitário, programa de extensão etc...

Comunicação e Mobilização

TORO e WERNECK conceituam mobilização como um “processo de convocação de vontades para uma mudança de realidade, através de propósitos comuns estabelecidos em consenso”.

A principal da comunicação em um projeto de mobilização é “gerar e manter vínculos entre os movimentos e seus públicos, por maio do reconhecimento da existência e importância de cada um e do compartilhamento de sentidos e valores”

A comunicação deve ser dialógica, educativa e libertadora. Para isso, deve coordenar as ações do projeto, mas sem engessa-las em um planejamento imóvel e sem centralizar, sem ser de nenhuma forma, autoritária.

O ideal é que cada público seja co-responsável pela causa defendida. Isso significa que cada um deve se apropriar da causa, se sentir responsável pela seu sucesso, agir na prática para isso e se envolver no nível mais pessoal e afetivo com esse compromisso porque sentem que são importantes no processo e que o isso é realmente relevante para a sociedade.

O mapeamento de públicos

Pensando nessas questões, foi desenvolvida uma nova maneira de se classificar os públicos, segundo seus vínculos e segundo o vinculo desejado, da co-responsabilidade. Os públicos podem ser os beneficiados, que são os que estão no espaço de atuação do projeto e que, mesmo sem consciência disso, são beneficiados pelas transformações geradas pelo movimento; legitimadores, que são aqueles que além de estarem no espaço e serem beneficiados apóiam a causa; ou geradores, que além disso tudo, fazem ações em prol da causa. De acordo com essa classificação, é possível enxergar com a mais clareza onde está cada público em uma “escala de envolvimento” e qual devem ser as ações comunicativas para fortalecer esses laços. As etapas da escala são:

1- Localização espacial

Entende se que para se chegar a co-responsabilidade, o primeiro grau de envolvimento é a localização espacial. O público primeiramente tem que estar localizado no espaço de atuação do movimento, para que o contato seja possível. Vale lembrar que espaço aqui é entendido não como localização geográfica, pois isso não se encaixa mais na socieade moderna, complexa e globalizada. A creche da Vila Acaba Mundo em Belo Horizonte, por exemplo, é apoiada pelo consulado do Japão. É importante estar atento a isso para não se excluir públicos importantes.

2- Informação

Depois, é preciso que o público tenha informação, ou seja conheça o movimento. Essa informação pode ser planejada e formal, que é um papel muito importante da comunicação, mas também não se pode esquecer da informação informal, do boca a boca, dos boatos. Esse tipo de interação é muito importante em um processo de mobilização e nunca deve ser desconsiderada pelo planejamento.

3-Julgamento

Após ter conhecimento do movimento, é importante que a pessoa tenha um julgamento positivo deste para que possa desenvolver laços de co-responsabilidade com a causa. Se o julgamento for negativo, o envolvimento da pessoas para nessa etapa e ela não contribui para o processo de mobilização.

4-Ação:

São ações (pontuais ou não, pode ser idéias, produtos, serviços, estudos eventos etc)dos públicos para o projeto de mobilização que contribuam para seus objetivos.

5-Coesão : Ocorre quando as ações dos públicos são organizadas, ligadas entre si e visando um fim comum, que é um dos objetivos do projeto de mobilização.

6-Continuidade: Quando as ações, além de coesas, geram um processo continuo de participação, não sendo pontuais ou imediatas.

7-Co-responsabilidade (enfim, a tão sonhada!)

Se todas etapas estiveram acontecendo, é muito provável que os públicos envolvidos se tornem co-responsáveis.

8- Participação institucional: Além disso, existe a participação institucional. Esse é um vinculo bem forte porque o publico é ligado ao projeto de maneira formal, o que dificulta sua saída. Mas nem sempre a participação institucional é desejada e nem sempre um parceiro desse tipo é co-responsável, o que é um problema.

Bom, é isso aí por enquanto! Tentei colocar um desenho do esquema mas nao estou conseguindo..qualquer dúvida, me procurem!beijo!













2 comentários:

Felipe Zulato disse...

Excelente post Lu!!

Vai ajudar bastante na Demanda Elsa e falaremos com eles isso hj na reunião. Relmente bem resumido, objetivo e explicativo!

É legal ver uma metodologia da UFMG ganhando espaço!

Abraços,

Felipe Zulato

Patricia Voss disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
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