A comunicação interna acabou

Em 25 de agosto de 2007, a C.R.I.A. UFMG Jr completa 8 anos de existência. Para comemorar suas conquistas ao longo dessa caminhada, a empresa promoveu o encontro de grandes nomes do campo da Comunicação Social com os alunos da UFMG.

O representante da área de Relações Públicas foi Pedro Baldurquino, ex-aluno da UFMG e atual coordenador do portal Horizonte RP - que trata de temas e discussões pertinentes ao mercado da profissão em Belo Horizonte.

Em sintonia com a parceria do nosso convidado e o próprio tema abordado, de caráter muito útil também para empresas juniores, postamos abaixo um artigo publicado recentemente no portal.



A comunicação interna acabou - Luiz Antônio Gaulia

16/07/2007

João é supervisor de segurança e também é o síndico do prédio onde mora. Patrícia é secretária da diretoria e organizou com suas amigas de faculdade uma roda de leitura. Fábio é contador e é também o presidente de um clube esportivo. Helton é engenheiro de produção e é o pastor de sua igreja. Marcos é estagiário, mas também organiza festas no final de semana. Carlos e Márcia estão no programa de trainees e também são voluntários num projeto ambiental. Olavo trabalha na área de remuneração e à noite é professor. Marcelo é advogado, e como acabou de se aposentar criou uma comunidade digital onde se relaciona com uma centena de participantes. Heloísa é da área de TI e vai ser candidata à vereadora.

E o que estes e estas ilustres profissionais têm em comum? São todos da mesma empresa.
E o que isso tem a ver com o título deste artigo? Tudo.

A divisão entre o que é interno e o que é externo, não faz mais sentido. Não dá para separar uma coisa da outra de maneira simplista.

Onde termina a comunicação interna e começam as relações comunitárias, por exemplo? Ou, qual o impacto de uma comunicação interna falha, difícil ou mesmo inexistente para profissionais que são também cidadãos, contribuintes, eleitores, formadores de opinião, líderes em seus círculos sociais?

O que acontece com o ambiente de trabalho quando os funcionários lêem nas páginas dos jornais, pendurados nas bancas, que sua empresa teve o nome envolvido numa denúncia, mas internamente “reinou o silêncio”, fez-se de conta que nada aconteceu?

Com a dinâmica dos mercados, os avanços galopantes da tecnologia e a circulação mundial da informação, em tempo real, as fronteiras se romperam. Melhor, se expandiram. As pessoas estão conectadas em redes de relações. E estas redes têm ligações diversas, complexas e multidisciplinares. Incontroláveis, livres. Globais.

A velha visão de que, ao entrarem pelo portão da fábrica as pessoas deixam do lado de fora suas vidas e o mundo das relações sociais é um equívoco. A idéia de que ao colocarem o capacete, os profissionais perdem seus cérebros (e seu senso crítico) caducou por completo.

Mais cedo ou mais tarde, uma organização deste tipo vai precisar rever conceitos, métodos de trabalho, políticas de atração e retenção de talentos e fluxos de comunicação. Seja por força das novas e exigentes dinâmicas sociais ou pressão natural das redes de relacionamentos entre as pessoas.

Por isso, se na tal empresa onde o João, a Patrícia, o Fábio e mais algumas centenas de pessoas trabalham a comunicação interna se resume a informativos fixados (e muitas vezes abandonados) nos quadros murais e ao “jornalzinho” que circula, mais ou menos, a cada dois meses, atenção! Se a comunicação interna ainda é chamada para “organizar aquela festa”, o churrasco de celebração de mais um recorde de produção ou escrever aquele e-mail sobre a retirada do vale-transporte, cuidado! Crise à vista.

Ter abertura para o diálogo é agregar valor à imagem da empresa, é tratar as pessoas com respeito, inteligência. Porque os muros caíram e não protegem mais ninguém das denúncias, dos escândalos e da opinião pública. E a comunicação interna é apenas o reflexo do mundo exterior e vice-versa. Ou aceitamos isso, ou vamos elogiar a roupa nova do imperador, mesmo sabendo que o rei está nu e a comunicação interna... acabada.

Luiz Antônio Gaulia
Consultor de Comunicação CorporativaOriginalmente
Publicado no site da Aberje – Seção Artigos


Para mais informações e acesso a outros artigos, visite
http://www.horizonterp.com.br/
http://www.aberje.com.br/


Luiz Gustavo Lo-Buono
núcleo de Planejamento C.R.I.A. UFMG Jr.

1 comentários:

Felipe Zulato disse...

Mto bom texto. Remete mto a tdo aquilo q agente discutiu sobre mapeamento de públicos e a importancia de ver as redes de relacoes existentes!

Isto de dividir comunicao interna ja acabou, serve apenas para exemplificar algo relacionada a propria empresa.

 
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