Por: Maíra Gomes
Antes a
mulher era vista e representada como quem cuida da casa e dos filhos, não
questiona regras, não têm direito a dar opiniões; uma coadjuvante dos homens.
Aparentemente, isto tem mudado. Hoje já as mulheres estão cada vez mais
presentes no mercado de trabalho e ocupando cargos de liderança. As meninas que
antes se espelhavam nos modelos da mulher antiga e sonhavam em serem mães,
donas de casa e ter um marido bonito e trabalhador para cuidar, hoje têm sonhos
diferentes.
A
representação da mulher atualmente vai além das donas de casa submissas (apesar
de muitos comerciais, principalmente de produtos de limpeza e para casa, ainda
trazerem elas nesse papel). A mulher agora é mais destacada por sua atitude,
seu poder de sedução e sua aparência física. O destaque para o corpo é intenso
e influencia os consumidores, principalmente os mais inocentes. Meninas que
estão aprendendo a identificar o certo e o errado, descobrindo seu papel no
mundo, olham para esse padrão exposto na mídia e acabam aderindo como um
modelo.
Porém, a
publicidade e aquilo que é exposto na mídia não é apenas uma maneira de
influenciar a sociedade, mas também um reflexo da própria cultura e seus
valores. É em um mundo que adere esses conceitos sobre a mulher que várias
crianças estão crescendo e se formando.
Para alertar a isso, a marca de cosméticos The Body Shop Malasya
lançou esta semana a campanha Be More Than Beatiful. Em cada um dos três
vídeos, uma criança de 4 a 5 anos nos conta o que ela será quando crescer. Com
sonhos chocantes para crianças tão jovens, como colocar silicone nos seios e ficar
calada diante de injustiças, elas enumeram tudo aquilo que tem sido retratado
como principais características da mulher, como a submissão e a superestima do
corpo. Ao final, elas nos clamam para que as ensinemos a serem mais que
bonitas, a serem fortes e inteligentes, para não acabarem se tornando tudo aquilo
que disseram antes.
Um closet cheio de roupas de marca, sapatos e
bolsas. Se eu ganhar peso, não vou comer. Se
meus seios não forem grandes o suficiente, colocarei silicone. Assim como as celebridades que adimiro. Se isso soa errado para você, pare de criar uma imagem
irreal da beleza. Pare de me dizer que sou gorda, escura, baixa, ou que não sou
boa o suficiente. Elogie-me pelas qualidades que importam. Como honestidade,
coragem e compaixão.Elas me fazem muito mais do que bonita."
“Quando eu crescer, vou
ser a favorita de todos. Serei educada, e deixarei que os outros liderem. Irei
apoiá-los. E nunca dizer não. Não vou ofender ninguém ou questionar autoridade.
Se alguém me derrubar, não vou dizer uma palavra. Se eu ver injustiça, vou
ficar calada. Quando, no fundo, eu sei que é errado. Se isso o preocupa,
ensina-me agora a lutar pelo que é certo. Encoraje-me expressar minhas
opiniões, e ter coragem pelo que eu acredito. Mostrem-me que eu tenho uma voz,
de modo que quando eu crescer, vou ser mais do que bonita. "
"Quando eu
crescer, vou ser uma boa menina. Eu vou cruzar as pernas. Sentar-me direito. Ser
suave, gentil e doce. Eu vou deixar você comer primeiro. Seguir as regras. Estar
em casa antes de escurecer. Limpar para você. Eu nunca serei mandona ou
agressiva. Eu vou parar de trabalhar quando tiver filhos. E se eu receber
menos, não vou reclamar. Vou fazer tudo isso se você continuar a deixar que
isso aconteça, se você não me ensinar agora a ser forte, independente e
confiante, ou me encorajar a acreditar em mim mesma, para que eu possa ser
mais do que bonita. "
A marca segue os passos
da Dove, tentando se desvencilhar dos padrões de beleza impostos pela mídia por
meio de peças que apelam para a emoção. Ao comercializar produtos de beleza,
seguir os estereótipos da mulher e de o que é belo seria o esperado, mas ao
apontar isso como um problema na sociedade, The Body Shop demonstra preocupação
social e inovação, aspectos muito valorizados atualmente.
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