por Adilson Braga
As crianças sempre foram alvo do mercado. Vistas como um público estratégico, estão sempre expostas aos conteúdos midiáticos que sugerem o consumo. A proibição das propagandas com apelo infantil vem sendo questionada no Brasil e no mundo, dividindo opiniões e propondo discussões à respeito da influência dos comerciais para as crianças. De acordo com o artigo 37 do Código de defesa do consumidor, a publicidade infantil é considerada algo abusivo, aproveitando-se da incapacidade de discernimento da criança diante do consumo.
Para defensores, a proibição ou o domínio para tentar controlar a comunicação comercial destinada às crianças sugere uma possível censura à informação. Isto é, o público infantil estaria sendo privado de conteúdos considerados públicos. Além disso, há os grupos que acreditam que a restrição é uma maneira de privar as crianças de um apelo comercial ao qual já estão expostas todos os dias. Isto se considerarmos a influência dos outdoors, das informações vinculadas através dos diferentes setores no qual elas se situam diariamente como a escola, por exemplo.
Por outro lado, há os defensores da proibição que consideram como incapazes de discernimento, crianças de 0 a 12 anos. Para algumas pessoas, nessa faixa etária, as crianças estariam expostas a influências dos comerciais, das quais não estão preparadas para discernir ou discutir. Além disso, a escola seria um fator fundamental para a proibição das propagandas, tendo em vista que o consumo gera um sentimento de competição entre
crianças.
O perigo
parece ser maior quando se pensa a propaganda como uma estratégia fundamental
das empresas aumentarem seus lucros e promoverem a divulgação de seus produtos.
Mais do que isso, a propaganda está vinculada à criação de estereótipos,
padrões de vida e também estabelece um grau de diferenciação entre indivíduos
que podem culminar em situações problemáticas, principalmente quando pensada
para crianças.
Os grandes canais infantis de emissora a cabo se aproveitam de uma programação repleta de comerciais vinculados às crianças. A alternativa é uma forma de atrair a atenção do público que acaba por ser o pagante principal de um produto vendido para as suas crianças: os pais.
Os grandes canais infantis de emissora a cabo se aproveitam de uma programação repleta de comerciais vinculados às crianças. A alternativa é uma forma de atrair a atenção do público que acaba por ser o pagante principal de um produto vendido para as suas crianças: os pais.
Um outro agravante é a venda de produtos alimentícios com os famosos brindes. Desde o cereal da manhã até o hambúrguer de grandes indústrias alimentícias, como o Mc Donald’s, há a promoção que sugere uma possível venda casada entre o alimento e o brinquedo. Ao pensar na criança como incapaz para a utilização ou escolha do produto, a marca estabelece estratégias de marketing com o poder de influenciar, impactar ou gerar expectativas. Isso tudo se torna ainda mais complexo quando se pensa na publicidade infantil como algo extremamente lucrativo e que sugere hábitos alimentares incomuns, abrindo para um outro fator agravante: o sedentarismo, que leva crianças à obesidade com grande freqüência.
Abaixo uma análise da propaganda dos sucos Del Valle direcionada
ao público infantil:
E também um documentário da diretora Estela Renner, em 2008,
mostrando os impactos do consumo para as crianças:
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