Um estudo feito pela BBC revelou que 87% das pessoas que usam a internet consideram que o acesso à rede deveria ser um direito fundamental de todas as pessoas. Além disso, entre os não usuários, 71% se sentem no direito de acessá-la. Mas, infelizmente, a realidade é bem diferente disso: apenas dois bilhões de pessoas têm acesso à internet, ou seja, aproximadamente, para uma pessoa que acessa, existem duas que não são usuárias. E, pra piorar, a concentração de pessoas que usam a internet em certos continentes polariza ainda mais o acesso à rede. Por exemplo, a América e a Ásia, juntas, representam 56% de todos os usuários do mundo, enquanto a África e o Oriente Médio totalizam apenas 9%.
E como resolver isso? Hm, e se a gente criasse uns balões de 15 metros de diâmetro que flutuassem na estratosfera, a mais ou menos 20 quilômetros de altura, criando uma rede Wi-Fi no céu? Impossível, né? Pois é, o Google pensou nisso. E sim, o Google fez isso.
A
proposta do Project Loon, além de
nobre, faz jus ao seu nome (loon, em
inglês, é uma gíria para ~louco~) e é
bastante ousada, mas por trás dessa loucura toda tem muita, muita, muita ciência.
O projeto se resume na locação de balões atmosféricos na estratosfera, onde os
ventos atmosféricos são mais estáveis, não há a circulação de aviões,
obstáculos como montanhas e nem a ocorrência de chuvas. Além disso, os balões possuem placas de
energia solar e, portanto, são completamente
sustentáveis, possuindo baterias apenas pra capturar energia solar,
possibilitando, assim, o funcionamento dos balões durante a noite. Para se
movimentar, os balões serão guiados de certa forma a flutuar através das correntes
de ar estratosféricas para que, quando um balão sair de sua devida posição,
outro tomará seu lugar, mantendo a estabilidade da rede.
Para toda
essa loucura funcionar, antenas específicas serão instaladas em casas e
edifícios e serão programadas para captar os sinais e se comunicar apenas com os balões que, em função do
seu raio de 40 km de cobertura, também se comunicam entre si. Dessa forma, é
criada uma rede Wi-Fi gratuita para o
mundo todo, com velocidade similar ou até maior do que a das redes 3G –
fato confirmado pelo teste realizado na Nova Zelândia, em junho desse ano, no
qual 30 balões foram lançados e, em alguns momentos, a conexão ficou de fato
mais rápida do que a das conexões 3G.
É
claro que, além dos interesses comerciais, essa genial/maluca empreitada do
Google visa possibilitar a todos o acesso a internet, levando-a para os lugares
mais remotos e rurais do planeta, e provando que as dificuldades em relação à
democratização de seu uso não são econômicas e muito menos tecnológicas, mas
sim apenas políticas.
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