Foi
o tema da semana, não houve na internet quem não tenha visto. O vacilo da
C&A e o toscoshop no corpo da Preta Gil para uma campanha de linha de
roupas plus size foram praticamente viralizados. E me desculpem se o assunto é
muito óbvio, mas é porque acredito que ele suscita reflexões mais profundas.
Mesmo
para quem não é estudante ou profissional de Comunicação, é muito difícil
acreditar que um erro como esse tenha passado despercebido pelo diretor de
arte, pelo social media ou por qualquer outro envolvido. Ainda mais sendo a
C&A uma marca com anos de experiência de mercado e vários cases de sucesso
(como se esquecer do Abuse e Use, de Sebastian e Gisele Bündchen?). Nós já vimos
isso antes: fale mal, mas fale de mim.
A
imagem mais que assimétrica de Preta com o pescoço gigante e os braços finos é capaz de deixar
qualquer pessoa confusa. E é como ficaram os milhares de usuários que compartilharam,
curtiram e comentaram no Facebook da marca. Ou seja, um engajamento estrondoso,
só que ao contrário. A postagem provavelmente teve o maior alcance da página
nos últimos meses, mas da pior maneira possível.
Teve
gente que criticou severamente a edição, sugeriu demitir o designer, satirizou a campanha.
A C&A foi acusada de preconceito, machismo, gordofobia e racismo por alguns internautas. E como era de se esperar,
sobrou até pra garota-propaganda que foi alvo de comentários cruéis do tipo "isso só mostra uma coisa: nem com Photoshop
a Preta Gil tem jeito" ou ainda "Vítor Belfort, é você?" . E daí pra baixo, o que
não foi nenhuma novidade, considerando que a Preta Gil constantemente sofre
esse tipo de comentário em relação a seu corpo, na mídia.
Intencional
ou não, precisamos questionar, vale a pena uma marca se expor dessa maneira pra
obter mídia espontânea no mundo virtual? O objetivo é aumentar os níveis de
acesso e engajamento do público, mas qual o limite pra alcançá-lo ? Vale a
pena correr o risco de perder o público principal do produto? Afinal, quem compra roupas plus
size não deve ter ficado nada feliz com o posicionamento da C&A e os
próprios comentários na página.
Mais
do que o corpo da Preta, nossa inteligência também foi um pouco satirizada ao
acreditarem que somos ingênuos o suficiente para crer que essa ação foi livre
de qualquer pretensão. Que a experiência sirva de exemplo para que as empresas e
as marcas percebam que essa mesma proximidade com o público que a internet
possibilita, também o torna mais disposto a usar o senso crítico em suas
opiniões, sejam elas justas ou não.
0 comentários:
Postar um comentário